EIXOS DE TRABALHOS
A psicanálise frente às inúmeras manifestações tóxicas. Compulsões. Adicções receitadas.
O saber científico se organiza em torno da harmonia dos sistemas e da proporcionalidade das funções, conferindo unidade a um corpo que resiste a funcionar segundo tal ideal. Atravessado pela linguagem o corpo pulsional não goza de harmonia. A prescrição de medicamentos leva à cumplicidade: falsa demanda do paciente e falsa resposta. Por que o consumo torna-se ritualístico e, nada pode ser suprimido, mas, acrescentado? « Foraclusão Standard » do sujeito do inconsciente? A ciência diz que a depressão, por exemplo, não tem sentido ela tem uma causa. A psicanálise diz, não, a depressão tem um sentido e esse sentido é a causa.
Cenários urbanos: segregação, espaços e outros discursos.
Há uma grande desordem no real e uma nova ordem simbólica em jogo. A pólis constitui o cenário privilegiado onde se apresentam as multifacetadas expressões da subjetividade pós-moderna, entre elas o consumo abusivo de substâncias. Tribos heterogêneas, espaços demarcados, discursos múltiplos. Lado a lado com o delírio de homogeneização, a segregação e seus efeitos – um dos quais, a violência. Quais as interferências possíveis do discurso analítico nos trilhos urbanos em face a esse desenho?
Violência contra si e suicídios cotidianos: o corpo aviltado; o real em jogo. Encontramos na clínica um número significativo de sujeitos que colocam o corpo em risco, o corpo aparecendo em sua dimensão de resto, de real para além de sua dimensão imaginária e simbólica. Interessa-nos indagar como pode a psicanálise de orientação Lacaniana contribuir frente a essa manifestação da violência encarnada no corpo.
A droga e a passagem ao ato
Sabemos com Lacan que a passagem ao ato significa a dissolução do sujeito que, por um momento, se torna puro objeto. A experiência analítica com sujeitos psicóticos adictos nos ensina que a passagem ao ato, isto é, o desprendimento do sujeito da sua frágil trama simbólica, acontece com frequência como efeito da interrupção do uso que o sujeito faz da substância. Isto nos faz pensar, para além do furor sanandis, que há usos que permitem ao sujeito fazer uma borda a um gozo deslocalizado, através de uma nomeação, por exemplo: « viciado ». No « Sou viciado » tratar-se-ia, então, de poder definir se o que está em jogo é uma identificação que lhe atribui ao sujeito um lugar na trama social.
Pela equipe da Comissão Científica: Cassandra Dias Farias, Lenita Bentes, Maria Wilma S. de Faria e Oscar Reymundo
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