▪ CRÔNICA ▪ Baltimore, 5 :00hs da manhã New York, New York, Galáxia dos Uns sozinhos Pierre-Gilles Guéguen
▪ O desvio de um detalhe ▪
Anaëlle Lebovits-Quenehen André Wilms : impetuoso no quadro
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Mesmo se recusamos todo pathos, o cinema de Kaurismäki é voluntariamente desesperado. No entanto, em sua filmografia, Le Havre é uma exceção, pois este filme é duplamente feliz. Mais do que uma história plausível, este filme é um conto que põe em cena um poeta (personagem que encontramos há 20 anos no filme, La vie de Bohème) e tornou-se engraxate – um fracasso em suma. Este fracassado e seus vizinhos do Havre (Alta-Normandia) embarcam juntos em uma empreitada própria, a revelar sua dignidade e, uma ética a toda prova. Kaurismäki descreve-nos, portanto, uma história de hoje – aquela de uma vizinhança, que tomando de fato a causa de uma criança clandestina e procurada pela polícia, a ajudam a se juntar à sua mãe em Londres – embora isso nos projete à década de 50, cujas decorações dos interiores são emprestadas. Eis, o que faz o nervo deste conto de sucesso, precisamente, porque ele não cai na armadilha dos bons sentimentos, embora ele os suscite. Le Havre também foi premiado com o Prêmio Louis-Delluc como o melhor filme francês do ano de 2011, na última sexta-feira: com a interpretação de André Wilms, a quem Aki Kaurismäki confiou o papel principal, o que não foi, sem dúvidas, por nada.Se este andarilho de fronteiras, raro sobre as telas do cinema – mas como esquecer o pai, Le Quesnoy que Na vida é um longo rio tranquilo?–, representa com ardor, com vivacidade, em companhia dos diretores, os mais surpreendentes. Era necessário, assim vê-lo em Deus como paciente, encarnar a língua de Lautréamont, diante de Anne-Lise Heimburger, em uma cena com Matthias Langhoff. Era necessário vê-lo cozinhar no Amante inglês de Duras, sem os utensílios, nem uniforme… Na cena com André Wilms, o texto é incorporado de fato, e sua voz é o agente desta encarnação.Falando dos diretores de teatro ou dos produtores com os quais trabalhou, ele encontra a pequena piada reveladora que pinça a singularidade do personagem num verdadeiro pequeno detalhe. Assim quando ele evoca Klaus Mickaël Grüber com o qual encenou por três vezes: « Ele sabia falar com as pessoas sem dizer grande coisa: « Não venha soluçar sobre os meus joelhos, chore por dentro. » Com ele era um tratamento de perda de peso. » Ou mesmo quando narra seu primeiro encontro com Kaurismäki : « Desembarquei às 2 horas da manhã no bar do hotel. Logo que me viu disse: Você tem os olhos tristes e um nariz grande, como eu mesmo, o que te permite fumar sob o chuveiro. Isto é bom, eu te contrato » ». Idem, também, quando fala de si, sem pretenção, nem falsa modéstia, às vezes com auto-depreciação, própria àqueles que sabem de sua reputação sólida o suficiente, para arranhá-la sem prejuizo.André Wilms é também dividido. As suas entrevistas portam esta marca [cf. entre autras Télérama desta semana no qual é manchete no Le Diable probablement n°6]. Como argumenta, não tendo feito escola de arte dramática, sente-se às vezes ilegítimo, mas o fato de ter encenado com os maiores diretores, leva-o a saber também, arrogante, às vezes. Então pode ao mesmo tempo, ter adoração por Buster Keaton no papel em que « dança e metafísica » se conjugam e, apreciar a intuição de Robert Mitchum, segundo o qual, a comédia é feita pelos poodles (dançarinos das festas nos grandes salões das aristocracia européia-século XVI). Ele considera ao mesmo tempo, finalmente que a droga é mais apta do que a comédia, pois nos leva a provar um sentimento de toda-potência, e que representar para ele é como o cigarro ( uma droga suave, em suma) : a cada dia que deus faz, ele se diz, «amanhã, eu paro », no entanto, a cada dia que deus faz, o diabo do Wilms ainda está lá. O ator considera ainda, firmemente, que a arte não é a cultura, e recorda a esse respeito seu gosto pelo teatro que faz escândalo, divide, cria cisões, linhas de fraturas, inimigos, ali onde a cultura tem por efeito reunir. Mais lamenta, ao mesmo tempo, que não seja ele que faça o apelo sussurrando ao ouvido dos consumidores de todos os países: « Nespresso, what else ? »( Nespresso, o que mais?)Porque André Wilms faz parte dos francs-tireurs (pessoas que agem independentemente) – ele se orgulha, aliás, de ler Lacan ao qual reconhece como um gênio não convencional, uma força à toda prova, capaz também de fazer escândalo, de dividir, de compartilhar, de criar cisões, linhas de fratura – podemos apenas nos regozijar com o fato de que sua interpretação passe por um tempo, ao menos, sob o domínio da cultura, com o sucesso que conhecerá Le Havre, filme onde o Sena escoa menos tranquilamente do que parece. Vá ver com os seus olhos: o filme será lançado na próxima quarta-feira nas telas e Wilms estará de 14 até 19 fevereiro no Bouffes du Nord no Max Black d’Heiner Goebbels.
Max Black Musique é dirigido por Heiner Goebbelso covil de um alquimista do pensamento, o antro de « Max Black » é uma confusão indescritível que vai do gabinete de Cagliostro ao laboratório de pesquisas… uma plataforma acidentada à meio-caminho entre o quarto bagunçado de uma criança e uma gaiola de Faraday. Um magnífico terreno para as encenações e as aventuras de um comediante como André Wilms que encarna o filósofo « Max Black » em uma sucessão lúdica de rituais surrealistas postos na música pelo compositor e diretor alemão H. Goebbels. Depois da peça « Où bien le débarquement désastreux » que H. Goebbels extraiu de Francis Ponge e Heiner Müller, eis « Max Black » em sua sequência improvável, apresentando-se com um desempenho que nos reenvia aos escritos de « Max Black », mas também a uma colagem das citações de Paul Valéry, Georg Christoph Lichtenberg e Ludwig Wittgenstein. Dedicado à ciência e ao saber experimental através dos trabalhos práticos que nos valem algumas supresas pirotécnicas, o espetáculo diverte-se à maneira de uma novela para o teatro ao levar de volta à sela de André Wilms pesquisador solitário de um graal metafísico. >>Todas as informações.
Lacan Cotidiano retoma suas atividades na terça-feira, 3 janeiro 2012…
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Esperando o retorno desse significante, o comitê de direção e a equipe de redação desejam a todos boas festas de final de ano.Seguramente, se ocorrer algum acontecimento lacaniano neste período, nós nos reservamos à possibilidade de lançar um número especial… E para efetivamente preparar o retorno, convidamos os autores, a nos encaminhar seu texto, orientados por suas inspirações.
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₪Aos autores-ATENÇÃO! As propostas de textos para a publicação em Lacan Cotidiano dirijam-se por email ou diretamente sobre o site lacanquotidien.fr clicando sobre « proponho um artigo »,Em arquivo Word ▫ Letra : Calibri ▫ Tamanho de caracteres : 12 ▫ Espaço : 1,15 ▫ Parágrafo : Justicado ▫ Nota de rodapé : mencionar no corpo do texto, e no final da página, em caracterere 10 ₪
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