Número 236 – 11 de dezembro de 2011
Nesta edição:X Jornada DPB – resenha
Jornada de Encerramento do Curso “A abordagem do sintoma na clínica de orientação lacaniana”
Noites Preparatórias VIII Congresso AMP – resenha
A semana na Delegação Cartéis
Recesso Lumen
Eventos EBP/AMP
Isso fala, isso falha: o lugar do sintoma na nova ordem simbólica
A Delegação Paraíba realizou dos dias 25 e 26 de novembro sua X Jornada anual com o tema “Isso fala, isso falha: o lugar do sintoma na nova ordem simbólica”, que em parceria com o curso “O sintoma na clinica de orientação lacaniana”, promovido por esta Delegação 2010/2011, resultou num saldo de trabalhos dos alunos, entre os quais, alguns compuseram as mesas redondas desta jornada.Uma jornada delineada na tônica do tempo, da nova ordem simbólica, de como andam as coisas hoje, daquilo que não é mais o que era; do funcionamento do dispositivo clinico frente a uma histeria que na velha impotência se atormenta e se devasta sem que uma palavra possa dizer de sua dor; das crianças e dos adolescentes que no seu despertar encontram novos imperativos: o imediato; do corpo que na busca de um gozo possível se dispensa da ocorrência fálica se representando como acontecimento de corpo; da saúde mental, dos novos delírios; do novo supereu, prêt-à-porter e, de um novo pai abandonado, sem lugar, sem voz e sem tempo. Questões essas distribuídas nas mesas de trabalho que provocou entre os apresentadores e a platéia uma discussão acalorada e muito entusiasmada, frente ao que o psicanalista, por outro lado, tem encontrado como saída frente a um gozo que embora insensato, tem sido possível ao trabalho do inconsciente.Um Jornada que começou comemorando os 30 anos da morte de Jacques Lacan, uma homenagem da Delegação Paraíba a um psicanalista que, no seu ensino manteve acesa a coisa freudiana. Um tributo prestado a ele nas palavras da coordenadora da delegação, Cassandra Dias, e na a apresentação de um vídeo com passagens de Lacan em seus seminários, trazendo assim o quanto de vivo ele continua nas suas lições, através dos que estão causados pela sua orientação, mas também do seu legado nas Escola espalhadas pelo mundo todo.Com nosso convidado Marcelo Veras, membro da EBP/AMP Seção BA e com nossa conselheira Simone Souto, membro da EBP/AMP, Seção MG, pudemos avançar nas nossas discussões em relação “ao sintoma na nova ordem simbólica” tema da Jornada, mas também no que eles puderam nos enlaçar, ainda mais, com o tema do VIII Congresso da AMP “A Nova Ordem Simbólica no Século XXI”, a ser realizado em abril de 2012, em Buenos Aires, Argentina.De nosso Convidado Marcelo Veras, recebemos duas excelentes conferências.
A primeira intitulada “Do Super eu prêt-à-porter as novas escritas do corpo”, em que Marcelo , tomando o Seminário 19 (Ou Pire),como suporte de seu trabalho, nos apresenta o Esquema L e seus elementos, discutindo a relação dos eixos deste esquema, destacando, sobretudo, a relação do sujeito com a alteridade, passando pelo inconsciente, o gozo e a relação desses elementos com o simbólico, o sujeito e o Outro, com o que fala, mas também com o que falha. Servindo-se ainda do Esquema L Marcelo nos traz, em sua articulação, a foraclusão e a problemática contemporânea do supereu. Um supereu plural, não mais unificado em consonância com o tempo, mas com a atempralidade do inconsciente, que mesmo sem os ideais promovido pela ascensão paterna não livra o Isso de gozar. Um supereu pret-à-porter, sob medida, como diz Eric Laurent, segundo Marcelo, onde cada um, de maneira singular, encontra sua forma de ser torturado, pois como aponta a partir de Lacan, o supereu é um funcionamento que está no mecanismo da Linguagem.Na segunda conferência, “Do Deus Pai a Deusa Branca”, Marcelo nos introduz as formulas quânticas de sexuação de Lacan, dando sequência à primeira conferência, onde já havia apontado que as mulheres só têm supereu quando falam, ou quando estão do lado da castração. O que Marcelo passa a discorrer nesta segunda conferência, vem no sentido de nos fazer pensar que nem sempre o que goza está do lado da castração e que a Deusa Branca esvazia o que do Deus Pai, como lei, mapeia o corpo de gozo. Da foraclusão generalizada à feminilidade, o Deus Pai é um delírio que as mulheres não crêem. Desta forma Marcelo vem nos mostrar que o mundo não funciona mais na ordem paterna, mas num mundo feminizado. Com o cuidado de não cairmos nem no moralismo, nem na nostalgia, mas de tirar conseqüências da variação ou da nova ordem simbólica, Marcelo conclui provocando uma boa discussão, através de dois clipes musicais (de Madonna a Lady Gaga), o modo de funcionamento do sujeito na relação com o objeto a e a forma como ele ocupa, no primeiro clipe, o mecanismo feminino sádico, pelo viés da dominação fálica e no segundo clipe a relação masoquista da mulher quando consente em dar pedaços de mulher para um homem.Um momento também de muita importância nessa Jornada foi a presença de Simone Souto, conselheira da delegação Paraíba na EBP, que nos brindou com um seminário sobre “A formação do analista no século XXI”. Um trabalho profícuo, com tom de esforço de poesia e dedicação, que nos fez pensar não só que a formação do analista como produto de uma análise, via passe clínico, travessia da fantasia, ser/desser, mas por outra dimensão que Simone trabalha em relação “A formação do analista no século XXI” que segundo ela, usando a expressão de Miller, Ultrapasse, vai além do passe, vai além da travessia da fantasia, onde o real vai achar seu lugar não como ser, mas como existência. Existência de uma satisfação incurável, cuja substância é suportada pelo Sinthoma e não pelo semblante, ali onde ele se separa, como diz Freud, de seus restos sintomáticos. Uma constatação de um gozo incurável que destitui o analista pelo poder criacionista que o desejo lhe confere. Com demonstrações de como isso foi possível nos relatos do passe, Simone conclui nos dizendo que o fim de análise pensado a partir do sinthoma situa a causa que faz existir o psicanalista nesse furo, dizendo que é dessa matéria que o analista é fabricado e como causa real por onde pode se orientar no que diz respeito a sua ação.Em nome de todas as comissões dessa Jornada, agradecemos aos nossos convidados pela valiosa contribuição; aos colegas das delegações e seções da Escola pelo compromisso com essa causa tão cara a nós; aos alunos que nos provocaram muitas questões durante a realização do curso, a quem parabenizamos pelo ânimo de se colocar nas jornadas.Agradecemos também a Graça, nossa sempre disponível secretária e aos nossos patrocinadores: Café São Braz, Livraria Leitura, Intermundi Turismo, Governo do Estado da Paraíba e Prefeitura Municipal de João Pessoa, através da Funjope, todos nossos parceiros durante alguns anos nesta realização anual.Por Sandra Conrado
Coordenadora Geral da X Jornada.
Curso de Psicanálise
A abordagem do sintoma na clínica de orientação lacaniana
Jornada de Encerramento
17 de dezembro de 2011 às 08:00
Local: Hotel Xenius – Av. Cabo Branco – João Pessoa
Programação
8:00h-9:15h
Coordenação: Margarida Assad
O declínio do simbólico: tessitura de novos arranjos frente ao mal estar – Karynna Nóbrega
A insatisfação histérica frente ao desejo – Gorete Sarmento
A lógica de não querer saber e suas conseqüências – Marlene Gonçalves Brito
A singularidade do sujeito é sem lugar: Fela Kuti e suas contribuições para a Psicanálise – Paulo Henrique Fernandes Pinto
9:15h-10:30h
Coordenação: Cassandra Dias
A construção do diagnóstico clínico na saúde mental – Ana Ocileide de Lima Bezerra
A difícil arte do diagnóstico em tempos da forclusão generalizada – Helvia Vilar Gomes de Amorim
O declínio do Nome do Pai e a violência no contemporâneo – Regina Peregrino de Oliveira
Os sintomas contemporâneos das crianças e a queda do Nome do Pai – Rosemarie F. Mooneyham Silva
10:30h-11:45h
Coordenação: Cleide Monteiro
Corpo, sujeito, intermitências – Francisco Almeida de Lucena
Um corpo retalhado – Terezinha Pereira de Brito Ferreira
Desafios na direção do tratamento – Ana Lúcia Camêlo Trovão
O mais de gozar na civilização – José Wilson Lima
Amor e Feminildade – Léa Figueiredo Vieira
11:45h–12:30h
Coordenação:Glacy Gorski
O psicótico escreve? – Suele Conde Soares
O sintoma como parceiro no atendimento às crianças que sofreram violência – Maria Cristiane Rocha de Almeida
« A droga nossa de cada dia »: do discurso social à solução possível – Ana Carolina Paz
As velhas dores de sempre: um corpo para gozar – Pauleska Azevedo Nóbrega
12:30h
Encerramento
Glacy Gorski – coordenadora do Curso
Cassandra Dias – coordenadora DPB
Confraternização
A nova ordem simbólica no século XXI. Não é mais o que era. Que conseqüências para a cura?
Noites Preparatórias DPB
Coordenação: Cassandra Dias e Cleide PereiraMª Cristina MaiaEm 17 de novembro, realizamos o último encontro desse ano rumo ao VIII Congresso da AMP, dessa vez em torno do verbete Vida de autoria de Bernardino Horne, publicado em Scilicet.Desse momento, destacamos alguns pontos surgidos na discussão:Freud desenvolve em alguns artigos citados por Bernardino, a positividade do inanimado, o que lhe permitiu formular uma teoria da vida a partir da perspectiva pulsional. O vivo morre por motivos internos, pois o objetivo da vida é a morte.O inanimado está colocado antes do vivo, o que nos levou a pensar que se a morte está dada aos falantes, a vida terá que ser feita por eles. Essa terá que ser produzida, vivida.Já para Lacan, a vida é definida pelo gozo, a partir de um corpo vivo feito para gozar.Mas se todo gozo é do corpo, como podemos pensar em um Um que antecede o gozo do corpo? Pois o Um faz sua entrada no mundo pelo significante.Se o estatuto do corpo vivo é gozar de si mesmo, podemos pensar em um gozo primário?Se entendemos que o gozo é produto do significante, talvez não seja possível pensar em uma anterioridade do gozo, mas sim que ele vem primeiro em relação ao sentido.Um destino possível para esse gozo que antecede ao sentido vem a ser sua transformação no sintoma, em um corpo afetado pelo significante, precisamente por uma afecção, o que faz Lacan, num segundo momento do seu ensino, não falar de significantização, mas sim, de corporização.A vida para o falante é ter corpo e discurso entrelaçados. Mas, em um momento preciso, vida e morte se separam através da distinção entre as categorias do ser e da existência, tão desenvolvidas no atual curso de Jacques Alain Miller. A existência relacionada ao Um, a esse gozo precedente, enquanto o ser articula-se ao campo do Outro e faz desse o seu ponto de falta.Concluímos nossa discussão constatando a prevalência do corpo na clínica atual e questionando os destinos possíveis e diversos do significante, o que nos levou inevitavelmente, a tocar na temática da sublimação.Lembramos de Orlan, artista francesa que realiza um trabalho com seu próprio corpo visando transformá-lo em uma obra de arte que denuncie o gozo contemporâneo. Restou-nos a pergunta: há uma crise da sublimação na ordem simbólica do século XXI? Por Cassandra Dias
ATIVIDADES DA SEMANAJOÃO PESSOASessão Clínica
Coordenação: Margarida Assad
Quintas-feiras, 20:00
Local: sede da DPB
Próximo encontro: 15 de dezembro
Apresentação: Maria Cristina Maia
Atividade restrita aos membros
RECESSO LUMENCaros colegas, Esta é a última edição do ano do nosso boletim, estaremos de volta em fevereiro.
Desejamos a todos ótimas férias, boas festas e que o ano de 2012 nos brinde com muita saúde, paz e desejo sempre renovado para continuarmos nosso trabalho em prol da psicanálise de orientação lacaniana.Maria de Lourdes Aragão
Moderadora da DPB
CARTÉIS PROCURA-SE CARTEL
A angústia – seminário 10: Marlene Brito, Sthéfani Gomes e Waléria Lima Acontecimento de Corpo: Karynna Nóbrega Aos que têm interesse na investigação de um tema particular ou pelo dispositivo do cartel podem declarar sua intenção enviando um email para [email protected] para divulgação na coluna “Procura-se cartel”. Quando quatro pessoas estiverem reunidas em torno de um tema comum, o cartel poderá ser constituído.
EVENTOS EBP/AMP
A ordem simbólica do século XXI. Não é mais o que era. Que conseqüências para a cura?
VIII Congresso da AMP
23 a 27 de abril 2012 – Buenos Aires
Mulheres de hoje: figuras do feminino no discurso analítico
XIX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano
24 e 25 de novembro 2012 – Salvador / BA
ENDEREÇOS DAS SEDES
João Pessoa: Av. Nsa. Sra. dos Navegantes, 415/208 – Empresarial Navegantes – Tambaú – Fone/fax: (83) 3578 3671
Campina Grande: Av. Nilo Peçanha, 541/207 – Empresarial José Augusto Lira – Prata
DELEGAÇÃO PARAÍBA Coordenadora Geral: Cassandra Dias Farias Secretária Geral: Cleide Pereira Monteiro Secretária de Biblioteca: Vânia Mª Gomes Ferreira Moderação: Mª de Lourdes Aragão ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE Presidente: Ana Lydia Santiago Diretor Geral: Cristina Drummond Diretor Tesoureiro: Lilany Vieira Pacheco Diretor de Biblioteca: Ondina Maria Rodrigues Machado |
Site da AMP: http://www.wapol.org
Site da EBP: http://www.ebp.org.br
Contato da DPB: [email protected]
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Lumen – Boletim Informativo
Delegação Paraíba – EBP
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