Caros colegas Recebemos de Marie-Claude Sureau, coordenadora do “Envers de Paris – Colletif Brésil”, escrito por Rosane Padilla. A Comissão de tradução da EBP já está recebendo as aulas do curso deste ano e em breve as Seções e Delegações receberão as aulas já traduzidas. Bom trabalho a todos! Rômulo Ferreira da Silva Diretor Geral da EBP L’envers de Paris – Collectif Brésil « Miller com Lacan. » Na quarta-feira – dia 19/01/2011 – às 14h: 00hs no Teatro Déjazet, 41 Boulevard Du Temple, 75003 Paris – Jacques Alain Miller iniciou seu curso de Orientação Lacaniana de 2011. Este texto é uma das fotografias possíveis para retratar este momento histórico dos 30 anos após a morte de Jacques Lacan (1981-2011) – coincidindo com os mesmos 30 anos do ensino de seus Seminários (1951-1981) – no qual Jacques-Alain Miller anuncia a conclusão de seu trabalho no estabelecimento destes. Trinta anos de trabalho em que Miller manteve vivo entre nós não somente a presença de Lacan, como nosso desejo de saber, tendo o cuidado e a precisão – tal como Lacan em seus Seminários – em deixar ao fim de cada Curso de Orientação o apetite para o próximo. Atualizando este momento histórico, marcado pela conclusão do estabelecimento dos Seminários de Jacques Lacan por Jacques-Alain Miller – do primeiro intitulado “Os escritos técnicos de Freud” ao último “Momento de concluir”, tendo acrescentado a estes, ainda, a produção escrita do “Homem dos Lobos”, “Homem dos ratos”, “A topologia e o tempo”, “Objeto e representação”e “O Extremo do Seminário”, que faz referência à dissolução da Escola Freudiana de Paris, como Miller anunciou em 19 de janeiro – nosso apetite torna-se ainda mais voraz pelo que está por vir em termos de autoria do próprio Jacques-Alain Miller, em um momento posterior à conclusão desta elaboração. Em breve, teremos nas prateleiras das livrarias francesas o produto desta publicação e na mesa dos tradutores da obra de Lacan em nossa Escola Brasileira de Psicanálise, a oportunidade de tornar este produto a razão de muitos trabalhos a realizar. A marca – em textos estabelecidos por Jacques-Alain Miller – explicitada na página de rosto de cada Seminário foi uma decisão do próprio estabelecedor, contrariando o dito de Lacan de constar seu nome como co-autor. Assim, é possível pensar não em um ato de humildade, mas na posição de analista, de semblante de objeto substancialmente opaco. Em outras palavras, seu nome encontra-se dentro de cada Seminário, porém fora da capa, da aparência e do brilho de cada cobertura. O trabalho de Miller em transformar a voz de Lacan em escrita, faz parte também deste mesmo registro. Sublinha-se ainda a dedicaçao, do estabelecedor desta obra, em decifrar, interpretar e traduzir “as pilhas de papeis desordenados”, que estavam acumuladas nas prateleiras de Lacan. Retomando o curso de Orientação “A vida de Lacan”, aula número seis, encontra-se uma fala de Lacan dirigida à Miller – “Você me fotografou perfeitamente na minha apresentação” – neste contexto, Lacan reafirmava um enunciado disposto a não amenizá-lo, diferindo assim da sugestão de Miller. Esta referência marca um ponto que talvez tenha servido como sustentação na decisão de Miller em proferir este curso sobre a vida de Lacan. Esta última afirmação de Lacan que sublinha o recorte fotográfico de Miller em relação a interpretação de sua vida, explicita o reconhecimento de Miller por Lacan. Miller, no ano que passou, autorizou-se a falar de “A vida de Lacan” e segue neste ano corrente com “A obra de Lacan”. “Vida e Obra” que Miller participou ativamente durante 16 anos. Na vida, Miller marca seu desejo de pinçar a singularidade, de contornar o Um, de traçar a diferença de Lacan, dirigindo sua fala às historias que contam o cotidiano de Lacan com um binóculo que foca no diferencial. Na escrita da Obra, Miller segue passo a passo a lógica de Lacan, fundamentando-se nos Escritos, onde está redigido a direção a seguir e cristalizado as diferenças conceituais ao longo da obra de Lacan. Neste primeiro curso de orientação sobre a “Obra de Lacan”, Miller chama nossa atenção para os personagens lacanianos que se repetem com o mesmo nome e registro porém portam, a cada diferente momento, uma singularidade que sinaliza uma nova maneira de se articular, por exemplo o objeto, o grande Outro, entre outros. Lacan inventou o saber teórico de seu ensino e o transmitiu nos Seminários semanais ao longo de sua vida. Endereçava-se a um público de psicanalistas que se deslocava ao seu encontro para escutá-lo. Também escreveu os textos dos Escritos e dos Outros Escritos, onde isola os significantes importantes e fixa a doutrina de seu ensino. A escritura destes textos foi realizada para atender a Demanda de um outro sujeito, são textos endereçados e dirigidos a um publico determinado, um colóquio, um prefácio, a rádio ou à televisão. Ao nome Jacques Lacan está gravado o título de autor em todos os vinte e cinco Seminários por ele conferido. Este significante “autor” desdobra-se numa série de questões que não podem deixar de serem mencionadas. Lacan, em seu curso de 26/02/1969, articula o significante “autor” ao conceito de “originalidade” proferido por Michel Foucault na semana anterior. Assim, a discussão interroga não somente “o que é ser um autor” mas também interroga “a função do nome de um autor”. Contrapondo-se ao significante “originalidade” Foucault destaca o valor da função do “retorno a”. Neste ponto do “retorno a”, Lacan sente-se convocado, pois ele mais do que ninguém colocou em evidência um “retorno a” Freud. Em paralelo, não se pode deixar de assinalar aqui, um outro “retorno a”, o “retorno a” Lacan realizado de forma inaugural e fotográfica por Miller. No trabalho de restituição da obra de Lacan, Miller ocupa um lugar onde ele se permite não responder de imediato a cada Demanda, ele dispõe de seu tempo, sai da ordem do imaginário, desaparece da cena, posicionando-se silenciosamente na sombra, como objeto opaco do discurso do analista. A densidade do pensamento de Miller está marcada tanto por seu ensino de Orientação Lacaniana quanto por sua clarificação no estabelecimento dos Seminários e pela consistência na autoria de suas obras. Neste último ano, pode-se destacar de seu curso de orientação sobre “A vida de Lacan” seu movimento de pinçar a singularidade do personagem Lacan. O início de 2011 é marcado pela conclusão da escrita dos 25 Seminários, em que Miller leva a sério a formalização deste ensino. No curso inaugural de orientação de 2011, “Obra de Lacan”, a dedução da lógica milleriana é explicitada na sua forma de trabalhar, na busca da palavra de Lacan que ficou por dizer ou na restituição da palavra que foi dita de maneira obscura, no seu estilo de clarificar conceitos, enfim no seu percurso traçado para o estabelecimento dos Seminários e na revelação de seu processo de compreensão da língua lacaniana. Não se pode deixar de sublinhar também, sua aposta na causa e no funcionamento de nossa instituição psicanalítica. Montado este cenário – sujeito, escrita, ensino e escola – temos diante de nós os pilotis que nos são caros. A aposta no funcionamento da combinação destes quatro pilotis evidencia o posicionamento de Miller e nos impulsiona ao trabalho pela causa analítica. Rosane Padilla [email protected]
Caros colegas Recebemos de Marie-Claude Sureau, coordenadora do “Envers de Paris – Colletif Brésil”, escrito por Rosane Padilla. A Comissão de tradução da EBP já está recebendo as aulas do curso deste ano e em breve as Seções e Delegações receberão as aulas já traduzidas. Bom trabalho a todos! Rômulo Ferreira da Silva Diretor Geral da EBP L’envers de Paris – Collectif Brésil « Miller com Lacan. » Na quarta-feira – dia 19/01/2011 – às 14h: 00hs no Teatro Déjazet, 41 Boulevard Du Temple, 75003 Paris – Jacques Alain Miller iniciou seu curso de Orientação Lacaniana de 2011. Este texto é uma das fotografias possíveis para retratar este momento histórico dos 30 anos após a morte de Jacques Lacan (1981-2011) – coincidindo com os mesmos 30 anos do ensino de seus Seminários (1951-1981) – no qual Jacques-Alain Miller anuncia a conclusão de seu trabalho no estabelecimento destes. Trinta anos de trabalho em que Miller manteve vivo entre nós não somente a presença de Lacan, como nosso desejo de saber, tendo o cuidado e a precisão – tal como Lacan em seus Seminários – em deixar ao fim de cada Curso de Orientação o apetite para o próximo. Atualizando este momento histórico, marcado pela conclusão do estabelecimento dos Seminários de Jacques Lacan por Jacques-Alain Miller – do primeiro intitulado “Os escritos técnicos de Freud” ao último “Momento de concluir”, tendo acrescentado a estes, ainda, a produção escrita do “Homem dos Lobos”, “Homem dos ratos”, “A topologia e o tempo”, “Objeto e representação”e “O Extremo do Seminário”, que faz referência à dissolução da Escola Freudiana de Paris, como Miller anunciou em 19 de janeiro – nosso apetite torna-se ainda mais voraz pelo que está por vir em termos de autoria do próprio Jacques-Alain Miller, em um momento posterior à conclusão desta elaboração. Em breve, teremos nas prateleiras das livrarias francesas o produto desta publicação e na mesa dos tradutores da obra de Lacan em nossa Escola Brasileira de Psicanálise, a oportunidade de tornar este produto a razão de muitos trabalhos a realizar. A marca – em textos estabelecidos por Jacques-Alain Miller – explicitada na página de rosto de cada Seminário foi uma decisão do próprio estabelecedor, contrariando o dito de Lacan de constar seu nome como co-autor. Assim, é possível pensar não em um ato de humildade, mas na posição de analista, de semblante de objeto substancialmente opaco. Em outras palavras, seu nome encontra-se dentro de cada Seminário, porém fora da capa, da aparência e do brilho de cada cobertura. O trabalho de Miller em transformar a voz de Lacan em escrita, faz parte também deste mesmo registro. Sublinha-se ainda a dedicaçao, do estabelecedor desta obra, em decifrar, interpretar e traduzir “as pilhas de papeis desordenados”, que estavam acumuladas nas prateleiras de Lacan. Retomando o curso de Orientação “A vida de Lacan”, aula número seis, encontra-se uma fala de Lacan dirigida à Miller – “Você me fotografou perfeitamente na minha apresentação” – neste contexto, Lacan reafirmava um enunciado disposto a não amenizá-lo, diferindo assim da sugestão de Miller. Esta referência marca um ponto que talvez tenha servido como sustentação na decisão de Miller em proferir este curso sobre a vida de Lacan. Esta última afirmação de Lacan que sublinha o recorte fotográfico de Miller em relação a interpretação de sua vida, explicita o reconhecimento de Miller por Lacan. Miller, no ano que passou, autorizou-se a falar de “A vida de Lacan” e segue neste ano corrente com “A obra de Lacan”. “Vida e Obra” que Miller participou ativamente durante 16 anos. Na vida, Miller marca seu desejo de pinçar a singularidade, de contornar o Um, de traçar a diferença de Lacan, dirigindo sua fala às historias que contam o cotidiano de Lacan com um binóculo que foca no diferencial. Na escrita da Obra, Miller segue passo a passo a lógica de Lacan, fundamentando-se nos Escritos, onde está redigido a direção a seguir e cristalizado as diferenças conceituais ao longo da obra de Lacan. Neste primeiro curso de orientação sobre a “Obra de Lacan”, Miller chama nossa atenção para os personagens lacanianos que se repetem com o mesmo nome e registro porém portam, a cada diferente momento, uma singularidade que sinaliza uma nova maneira de se articular, por exemplo o objeto, o grande Outro, entre outros. Lacan inventou o saber teórico de seu ensino e o transmitiu nos Seminários semanais ao longo de sua vida. Endereçava-se a um público de psicanalistas que se deslocava ao seu encontro para escutá-lo. Também escreveu os textos dos Escritos e dos Outros Escritos, onde isola os significantes importantes e fixa a doutrina de seu ensino. A escritura destes textos foi realizada para atender a Demanda de um outro sujeito, são textos endereçados e dirigidos a um publico determinado, um colóquio, um prefácio, a rádio ou à televisão. Ao nome Jacques Lacan está gravado o título de autor em todos os vinte e cinco Seminários por ele conferido. Este significante “autor” desdobra-se numa série de questões que não podem deixar de serem mencionadas. Lacan, em seu curso de 26/02/1969, articula o significante “autor” ao conceito de “originalidade” proferido por Michel Foucault na semana anterior. Assim, a discussão interroga não somente “o que é ser um autor” mas também interroga “a função do nome de um autor”. Contrapondo-se ao significante “originalidade” Foucault destaca o valor da função do “retorno a”. Neste ponto do “retorno a”, Lacan sente-se convocado, pois ele mais do que ninguém colocou em evidência um “retorno a” Freud. Em paralelo, não se pode deixar de assinalar aqui, um outro “retorno a”, o “retorno a” Lacan realizado de forma inaugural e fotográfica por Miller. No trabalho de restituição da obra de Lacan, Miller ocupa um lugar onde ele se permite não responder de imediato a cada Demanda, ele dispõe de seu tempo, sai da ordem do imaginário, desaparece da cena, posicionando-se silenciosamente na sombra, como objeto opaco do discurso do analista. A densidade do pensamento de Miller está marcada tanto por seu ensino de Orientação Lacaniana quanto por sua clarificação no estabelecimento dos Seminários e pela consistência na autoria de suas obras. Neste último ano, pode-se destacar de seu curso de orientação sobre “A vida de Lacan” seu movimento de pinçar a singularidade do personagem Lacan. O início de 2011 é marcado pela conclusão da escrita dos 25 Seminários, em que Miller leva a sério a formalização deste ensino. No curso inaugural de orientação de 2011, “Obra de Lacan”, a dedução da lógica milleriana é explicitada na sua forma de trabalhar, na busca da palavra de Lacan que ficou por dizer ou na restituição da palavra que foi dita de maneira obscura, no seu estilo de clarificar conceitos, enfim no seu percurso traçado para o estabelecimento dos Seminários e na revelação de seu processo de compreensão da língua lacaniana. Não se pode deixar de sublinhar também, sua aposta na causa e no funcionamento de nossa instituição psicanalítica. Montado este cenário – sujeito, escrita, ensino e escola – temos diante de nós os pilotis que nos são caros. A aposta no funcionamento da combinação destes quatro pilotis evidencia o posicionamento de Miller e nos impulsiona ao trabalho pela causa analítica. Rosane Padilla [email protected]