Um amplo leque de discussões com a participação de 23 profissionais renomados do Brasil e outros países, como o cineasta e crítico Gustavo Dahl, o professor Muniz Sodré, o crítico de cinema e secretário executivo do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy, a escritora francesa Céline Scemama, o jornalista e professor francês Alain Bergala, e o jornalista Paulo Paranaguá, do jornal Le Monde, vai movimentar a Sala Principal do Teatro Castro Alves, em Salvador, de 27 a 30 de julho, durante a realização das Mesas-Redondas do V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, organizadas por Marcela Antelo, coordenadora do Núcleo de Investigação Cinema e Psicanálise da Escola Brasileira de Psicanálise. Com uma temática voltada para as dimensões históricas e contemporâneas do cinema, os debatedores irão focalizar seis aspectos instigantes e indispensáveis para todos os que se interessam pela Sétima Arte: “Godard: Cinema e Poesia”; “O Oriente Cinematográfico”; “Quando o Cinema é Arte”; “Pensar o Cinema”, A Insustentável Leveza dos Muros. Cinema e Política” e “O Futuro do Cinema”.
PARTICIPANTES – Os convidados especiais do V Semcine para as Mesas-Redondas são Alfredo Manevy (Secretário Executivo do Ministério da Cultura, doutor em Cinema e Vídeo pela USP, com a tese Jean-Luc Godard e o Cinema Americano – De Acossado a Made in USA, crítico e roteirista); Muniz Sodré (baiano, um dos grandes pensadores contemporâneos, mestre em Sociologia da Informação e Comunicação (Paris-Sorbonne), doutor em Letras pela UFRJ, onde é professor titular da Escola de Comunicação), diretor da Biblioteca Nacional; Gustavo Dahl (cineasta, crítico e ensaísta, presidiu o Conselho Nacional de Cinema, em 1985), Kiko Goifman (cineasta, antropólogo e mestre em Multimeios pela Unicamp, vencedor de cinco prêmios do Festival de Brasília 2008, com “Filme-Fobia”); Pedro Paulo Rocha (cineasta e artista multimídia, pesquisador de Transcinemas, filho do cineasta baiano Glauber Rocha), Alessandra Meleiro (pesquisadora, organizadora da coleção “Cinema no Mundo; Indústria, Política e Mercado”); Monclar Valverde (Doutor em Filosofia pela UFRJ, com pós-doutorado em Teoria da Comunicação, músico, pesquisador e professor adjunto da Ufba); Beatriz Seigner (atriz, cineasta e escritora, diretora do primeiro longa indo-brasileiro, “O Sonho Bollywoodiano”), e Paulo Paranaguá (jornalista do Le Monde para a América Latina, crítico de cinema, autor dos livros “Cinema na América Latina” e “Longe de Deus e Perto de Hollywood”).
Os convidados internacionais são: Silvia Schwarzböck (doutora em Filosofia e professora de Estética) e Gerardo Yoel (formado em Artes Cinematográfica (Université de Paris VIII), da Argentina; Ram Devineni (cineasta, fundador da Academia Internacional de Cinema em São Paulo e o Bollywood Brasil) e Jim Finn, premiado cineasta que usa humor e ficção histórica para analisar ideologia, capitalismo e práticas revolucionárias, diretor de “The Juche Idea”,em cartaz no SemCine), dos Estados Unidos; Montserrat Martí (professora de Técnicas de Expressão Audiovisual em Comunicação, codiretora do DiBa – Digital Barcelona Film Festival), da Espanha; Céline Scemama (mestre em Estética do Cinema pela Universidade de Paris I, Panthéon-Sorbonne), Kristian Feigelson (escritor, professor de Sociologia do Cinema e do Audiovisual na Universidade de Paris II Sorbonne Nouvelle) e Alain Bergala (crítico, ensaísta e professor de Cinema, um dos maiores especialistas na obra de Jean-Luc Godard, curador da “Retrospectiva Godard” no V SemCine), da França.
MEDIADORES – Outros profissionais renomados também atuarão como mediadores das Mesas-Redondas: Arlindo Machado (SP), autor do livro “A Televisão Levada a Sério”); Angel Díez (RJ, formado pelo Institut des Hautes Études Cinématographiques, Paris, professor, autor de filmes documentários e de ficção); Célio Garcia (MG, psicanalista, doutor em Psicologia pela Universidade de Paris); Mahomed Bamba (professor de Estética e Cinema na Ufba); José Serafim (doutor em cinema Documentário pela Universidade Paris X, escritor e professor da Facom/Ufba) e Edilene Dias Matos (Doutora em Comunicação e Semiótica/Literatura pela PUC de São Paulo; atualmente é professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, da UFBA).
INSCRIÇÕES ABERTAS – As inscrições que dão acesso às Mesas-Redondas e também às mostras de filmes do Seminário, no valor de R$ 25 (meia) e R$ 50 (inteira), devem ser feitas através do site www.seminariodecinema.com.br I
nformações pelo telefone (71) 3332-0032. O V SemCine é uma realização da VPC Cinema Vídeo e UFBA, com o patrocínio do Ministério da Cultura / Fundo Nacional de Cultura/ Lei Rouanet e Governo do Estado da Bahia/ Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura. Co-Patrocínio da Apex, Cinema do Brasil, Oi Futuro e Prefeitura Municipal de Salvador.
Mesas-Redondas DO V Semcine –
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Sala Principal do Teatro Castro Alves 27 de julho – segunda-feira – 15 horas
MESA I – “GODARD: CINEMA E POESIA”
Debatedores: Céline Scemama (FR), Alain Bergala (FR) e Alfredo Manevy (Brasília)
Mediador: Angel Diez (RJ) “A imagem chegará no tempo da ressurreição”.
Palavras que Godard atribui a São Paulo, mas que não constam em nenhum dos textos do apóstolo… Promessa de Godard que, sendo o mais pessimista dos cineastas contemporâneos, revela-se como o maior guia para os futuros operários do que hoje chamamos de “audiovisual”. Cineasta ortodoxo, Jean-Luc Godard acredita na chegada messiânica de um novo modo de entender o mundo: a imagem como linguagem. Ainda moramos sob o poder de Gutenberg, não se cansa de repetir ele. 28 de julho – terça-feira – 9h30
MESA II– “QUANDO O CINEMA É ARTE”
Debatedores: Monclar Valverde (BA) e Kristian Feigelson (FR)
Mediador: Edilene Dias Matos (BA)
Como as artes maiores afirmam sua presença no cinema? Nascido na encruzilhada do espectáculo de massa e das técnicas, o cinema merece a sua denominação de “sétima arte” ou é apenas um sucedâneo da grande arte? O que aproxima o “cinema de arte” do “vídeoarte” enquanto projetos estéticos? Quando podemos afirmar que a arte anima o audiovisual? Polêmicas e teorias divergentes marcam a cópula histórica entre o cinema e a arte. Desde 1912, ano em que o futurista Ricciotto Canudo batizou o cinema nascente como Sétima Arte , síntese sinfónica de todas as artes, polimorfas interpretações sobre sua essência ocupam teóricos, críticos e realizadores. Arte impura, voraz apropriadora de outros saberes, primitiva e moderna, sabia e popular, clássica e experimental, livre e universal ao mesmo tempo. Para as vanguardas, o cinema é antídoto do dogmatismo e academicismo, sempre reinantes. 15 horas
MESA III – “O FUTURO DO CINEMA”
Debatedores: Kiko Goifman (SP), Montserrat Martí (ESP) e Pedro Paulo Rocha (SP)
Mediador: Arlindo Machado (SP)
Mutações paradoxais como a míngua do espectador nas salas e a produção de um enorme número de filmes obrigam a pensar novos parâmetros de produção, distribuição e exibição do audiovisual. Um cinema pós-midiático se anuncia. Acalorados debates questionam se a democratização prometida pelo digital permite ainda falar de arte cinematográfica. Fabricar um espetáculo completamente a partir de imagens de síntese ameaça a essência do cinema? A interpretação demoníaca das novas tecnologias representa a força da prudência ou simples tecnofobia? Se a arte se empenha historicamente em utilizar as técnicas do seu próprio tempo, o conhecimento delas, seus limites e possibilidades, é imperativo. Seja a versão hardware das megaproduções americanas como “Guerra nas Estrelas” ou o último Kar-wai-Wong, seja a versão software das DVDs de bolso de cada um, a ficção objetiva do real através do império do registro mais e mais automatizado levanta questões que merecem nossa análise. .
dia 29 de julho – quarta-feira – 9h30
MESA IV – “O ORIENTE CINEMATOGRÁFICO”
Debatedores: Ram Devineni (EUA), Alessandra Meleiro (SP) e Beatriz Seigner (SP)
Mediador: Mahomed Bamba (BA)
A atual expansão do cinema de Taiwan, China, Coreia, Irã atualiza o debate sobre as fronteiras entre o político, o estético e o cultural na definição globalizante dos cinemas nacionais. A organização de festivais internacionais sobre estes filmes consagra, por sua vez, estes agrupamentos dos cinemas regionais sob um mesmo leque e etiqueta. Quais tendências, formas de pensamento e relação de alteridade tais denominações revelam? Essa é a proposta desta mesa em torno do cinema oriental ou asiático. Cinema asiático ou cinema oriental? Existe de fato um oriente cinematográfico? Limita-se às cinematografias dos países do Oriente Médio ou inclui também países como Japão, Coreia, Israel, os Balcãs, a Índia, Turquia, Uzbekistão e toda Ásia Central? A hesitação terminológica para se referir às cinematografias ao leste do Ocidente merece reflexão, pois revela uma parte de “orientalismo” na crítica e recepção dos filmes provenientes desta parte do mundo. De um ponto de vista geográfico, podemos ver que o “orientalismo cinematográfico” começa pelo interesse manifesto de alguns realizadores ocidentais pelas paisagens, costumes e espaços do oriente árabe.
Em seguida este interesse se prossegue na crítica e no olhar eurocêntrico sobre produções cinematográficas ricas em novas propostas estéticas (notadamente o cinema japonês, com os fenômenos que foram Ozu e Kurosawa, ícones da Nouvelle Vague.) 15 horas
MESA V – “PENSAR O CINEMA”
Debatedores: Silvia Schwarzböck (AR), Gerardo Yoel (AR) e Muniz Sodré (RJ)
Mediador: Célio Garcia (MG)
Podemos pensar o cinema ou ele é somente um campo de ação? Seria o acontecimento cinematográfico pensável, ou a ele teríamos que nos submeter, servindo-lhe de suporte « sem pensar »? O cinema como experimentação filosófica foi formalizado por Gilles Deleuze e vem sendo retomado incessantemente pela filosofia. Por outro lado, a extraordinária experimentação proporcionada pelo cinema e suas montagens liberadas cada vez mais de códigos consagrados, sua escrita sincopada, põe a filosofia a pensar novos problemas. A parceria entre o cinema e filosofia é hoje obrigatória. Imagens pensantes.
Dia 30 de julho – quinta-feira – 9h30
MESA VI- “A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DOS MUROS: CINEMA E POLITICA” Debatedores: Jim Finn (EUA), Paulo Paranaguá (FR) e Gustavo Dahl (SP)
Mediador: José Serafim (BA)
Como tratar esta questão, ou melhor, essa dupla explosiva que está presente desde o inicio do cinematógrafo, através de filmes, como “O Caso Dreyfuss” (1899), de Georges Méliès, ou “O Assassinato do Duque de Guise” (1908) realizado por André Calmettes e Charles le Bargy. O cinema aborda, tanto como tema principal quanto secundário, questões vinculadas à sociedade e à política. Estas questões permeiam grande parte das produções, seja através de temáticas ou de movimentos mais amplos, por exemplo, o Neorrealismo italiano ou a Nouvelle Vague francesa, esta última tratará a política, inclusive, através do manifesto denominado “política dos autores”. Pode-se também pensar essa questão no sentido militante tal qual o movimento realizado nos anos 60 pelos cineastas latino-americanos, ou a militância do Grupo Dziga Vertov criado por Jean-Luc Godard. Será também o caso de cineastas como Chris Marker, Costa-Gavras, Nanni Moretti e Abbas Kiarostami.
O cinema político não se definiria assim pelo seu conteúdo, mas sim pela sua própria ontologia. São os temas politicamente engajados ou sua função poética que transformam o cinema em uma arma carregada de futuro?
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