Editorial
Três artigos, que trazem discussões interessantes sobre questões muito atuais da psicanálise compõem este número de Latusa digital.
O remanejamento pulsional da puberdade determina a necessidade social de encontrar uma identidade sexuada. Para Carlo Vigano, a dependência aparece então como uma nova forma social de inibição, pela qual o sujeito não chega a autorizar-se a fazer da carne o lugar de uma identidade sexual, de um desejo que lhe dê um “corpo próprio”. O recurso a uma substância ou a um comportamento como mediador social constituiria um substituto protético da demanda de amor.
As possibilidades do encontro sempre faltoso entre a Psicanálise e o campo da saúde mental são avaliadas por Paula Borsói. Enquanto o psicanalista privilegia em seu trabalho a particularidade do sujeito, seu modo particular de gozo, a política de saúde mental prescinde exatamente dessa particularidade para favorecer a inclusão social, visando devolver o sujeito ao universal. Qual seria então o lugar possível para o analista nas instituições de saúde mental?
Elza Freitas e Vanda Almeida aproveitam o excelente filme Invasões Bárbaras para, a partir do encontro do personagem principal Rémy, paciente terminal, com o real da morte, abordar questões paradigmáticas da psicanálise, tendo no horizonte o tema Psicanálise e Felicidade, do XVII Encontro Brasileiro de Psicanálise da EBP.
Inês Autran Dourado Barbosa
Neste número:
As dependências patológicas – Carlo Viganò
O objeto na saúde mental: a utilidade pública da psicanálise ou o uso possível do psicanalista – Paula Borsói
Invasões Bárbaras – Elza Marques Lisboa de Freitas e Vanda Assumpção Almeida