Ano 4
JULHO DE 2007
O n° 29 de Latusa digital traz dois textos que abordam a questão da inserção do psicanalista na cultura, o “analista-cidadão” nomeado por Éric Laurent. Cada texto trata, a sua maneira, da psicanálise aplicada à terapêutica como laço social na cultura. As clínicas de Orientação lacaniana vêm promovendo esse novo laço social – o encontro com um analista.
Em tempos onde a chamada ao nominalismo do caso a caso vem sendo cada vez mais difundida através de técnicas que visam o apagamento do sujeito; o esquecimento das tradições que o orientam, eliminando sua memória; e fazendo surgir cada vez mais o empuxo ao individualismo, torna-se necessário conferir a expressão de Jacques-Alain Miller “utilidade social da escuta” ao psicanalista. É o que os autores destes artigos nos mostram de forma contundente.
Manuel Fernández Blanco em seu importante texto, “Cidadão-sintoma”, que antecedeu as discussões do último Encontro do Campo Freudiano – Pipol 3 – em Paris neste mês de julho, defende de modo vigoroso o “direito à psicanálise” como algo demasiado precioso para que seja possível apenas para algumas pessoas. Permitir a um sujeito a experiência do inconsciente e encontrar a lógica de suas próprias decisões é, segundo o autor, assegurar a esse sujeito a possibilidade de sair da repetição do pior.
Eliana Bentes Castro e Ana Lúcia Lutterbach Holck ressaltam o fato de o analista estar advertido dos efeitos dos discursos alienantes da cultura e, fazendo suas as palavras de Éric Laurent, demarcam o valor da psicanálise como ferramenta “capaz de despertar o sujeito para além do assujeitamento aos significantes mestres e para uma responsabilidade inédita”.
Vanda Assumpção AlmeidaSecretária de edição de Latusa
Cidadão-sintoma – Manuel Fernández Blanco
A Escola, o Campo e a Cidade – Eliana Bentes e Ana Lucia Lutterbach-Holck