Minha experiência na supervisão
Damasia Amadeo de Freda
Eu vou falar sobre minha experiência na supervisão. Sou analista da EOL e viajo a Paris regularmente para me analisar e supervisionar. Minha experiência de supervisão se deu tardiamente. Não foi assim com a minha posição de analisante; a transferência foi precoce e imediata, e estou em análise sem interrupção desde há muitos anos.Não tive, durante um longo tempo, um « gosto » pela supervisão, embora soubesse que isso fizesse parte da minha formação analítica. Por muito tempo eu vi analistas para supervisionar – sem poder dar continuidade a estes encontros. Estes se reduziam a um ou dois, no máximo.Por razões ainda obscuras para mim, encontrei há vários anos um « gosto » pela supervisão.Como supervisiono? Sistematicamente os mesmos casos de há muito tempo. Um dia, levei um, no dia seguinte o mesmo, no outro dia também, e assim por diante até que a resposta obtida, embora sempre parcial, marque um ponto de conclusão que me permita passar para outro caso.Aconteceu de me encontrar numa oportunidade na qual o supervisor proferira exatamente as mesmas palavras que eu ouvira horas antes do meu analista: « o analista deve saber se calar ». Aí encontrei um nó entre a análise e a supervisão.Se tomo a minha experiência pessoal, é para transmitir que a supervisão constitui, há algum tempo, um elo importante na minha formação como analista. Um dos fatores fundamentais tem sido que a supervisão se inscreve sistematicamente no tempo, que é marcada por uma continuidade – a qual fora uma mudança fundamental de minhas experiências anteriores.Sabemos que não há supervisão da supervisão, como não há Outro do Outro. Então, eu me pergunto: como vai fazer a Escola, submetida inevitavelmente ao declínio do sujeito suposto saber, para produzir o « gosto » pela supervisão e por sua prática sistematicamente sustentada?Tradução para o português: Patrick Almeida
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