. Estamos, ao que tudo indica, diante de uma configuração sofística do pensamento, na medida em que a própria filosofia, ao denunciar a conformação ideológica das formas de organização do saber, viu-se ela mesma destituída de um lugar extra-ideológico em que sua atividade crítica poderia habitar. Diante desse mal estar, a saída contemporânea, dita pós-moderna, consiste na astúcia de tratar o problema como solução: se não há referente extra-ideológico, devemos demitir, definitivamente, a categoria de verdade, e tratar os conceitos como ficções. Nada mais resta senão aceitar que tudo é ideologia, aceitação que aliás constitui o próprio conformismo ideológico contemporâneo, caricaturizado no slogan que dá o título a terceira série desses dez-encontros: All star na civilização, todas as ficções são válidas, desde que nos valham quinze minutos de fama.
. Ou será que não, será que a ideologia ainda não é tudo, será que ainda é possível assumir um lugar distanciado em relação a ela e dali criar um eixo para o exercício crítico do pensamento? Situar esse lugar, dizer como especificá-lo, é o que aqui propomos como princípio diretivo desse colóquio. Mas sem determinar, ideologicamente, o sentido dessa direção, ainda que nos sintamos inclinados a referir esse lugar à categoria de sujeito que a práxis psicanalítica atualiza. Adiantamos somente, na esteira do filósofo S. Zizek, que esse lugar deve permanecer vazio, descomprometido com toda e qualquer realidade positivamente determinada. E que esse lugar, tal como o título do colóquio indica, exibe parentesco com a estrutura formal do Witz, na medida em que é próprio ao chiste sinalizar, na infração do conceito, o modo de expressão de uma verdade exterior à norma da ideologia.
evento ocorrerá na FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas ) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em auditórios e salas a determinar.
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