GPS off road – Boletim da XVI Jornada da EBP-MG – n. 2 “What’is in a name?” Uma semana atribulada impediu que este Boletim saísse mais cedo, conforme se previa a princípio. Mas ainda há tempo, antes do próximo Seminário e tomando como mote a questão lançada por Julieta a Romeu – “o que se encontra em um nome?” – para retomar algumas passagens do Seminário Preparatório ocorrido no último dia 11. De entrada, chamava a atenção o público. A sala-auditório da EBP-MG (que quem conhece sabe que não é pequena) estava repleta, e houve mesmo colegas que chegaram a ficar escutando o Seminário sentados na escada que conduz ao segundo andar. “Essa Jornada promete!”, me disseram alguns. “Será um efeito-Facebook?”, perguntei-me, junto com outros. O futuro nos dirá. Lamento, juntamente com Ernesto Anzalone e Miguel Antunes (responsáveis pela divulgação da nossa XVI Jornada nas chamadas “redes sociais”), de a gente ter se esquecido de tirar fotos do público para registrarmos a animação… Mas, no Blog e no Facebook desse evento, estão postadas fotos da Mesa e, para a próxima vez, teremos também do público. Essa estratégia de documentação por meio de imagens, bem como o próprio uso das “redes sociais”, é nossa aposta para, servindo-nos dos semblantes disponibilizados pela cultura contemporânea, cingirmos a causa do desejo que poderá mobilizar a transferência para a XVI Jornada da EBP-MG. A intervenção de Elisa Alvarenga – “Da pulsão à transferência e retorno” – foi, como dizem os franceses, “tranchant e, ao mesmo tempo, como eu ainda gosto de dizer: uma pérola. Os interessados poderão lê-la no Blog da XVI Jornada, cujo endereço, para quem ainda não o está acessando, encontra-se entre os Avisos deste Boletim. Seu aspecto “tranchant” se demarca pelo modo como esse texto recorta a nomeação que cinge uma forma de satisfação pulsional, um modo de gozo, tanto em um primeiro encontro de um jovem infrator com uma analista fora de um dispositivo propriamente clínico, quanto no decorrer da experiência analítica e ainda nas diferentes formas como os AEs (Analistas da Escola) apresentam-nos as soluções que lhes permitiram chegar ao fim de suas análises. Já a dimensão “pérola” aparece nos “achados” que podemos extrair deste texto e entre os quais citaria: a) uma direção para o tratamento analítico em nossos tempos marcados pelas “vacilações do simbólico”: “a psicanálise trabalha para construir sintomas”. É uma perspectiva fiel ao último ensino de Lacan, no qual o Nome-do-Pai é um sintoma de cunho mais generalizado e há outros sintomas, não tão generalizados ou generalizáveis, que passam ao largo desse significante norteador, mas não sem antes se servirem dele. b) a diferença entre “a nomeação que interpreta um modo de gozo sintomático sustentado por uma fantasia” e a “nomeação sinthomática”, referente a um novo modo de “viver a pulsão”. Às vezes, me pareceu, um sintoma pode ser evocado pela localização de um gozo sintomático sustentado por uma fantasia, no âmbito mesmo de uma família e graças a um nome endereçado a um sujeito. Ainda tomando por base o texto de Elisa Alvarenga, diria que esse foi o caso da nomeação “você é meu desenho animado”, com que um pai pôde vivificar o corpo anoréxico de uma menina que, muitos anos depois e por ocasião do fim de uma terceira análise, encontrará a desanimação significante que lhe permitirá cingir-se com outro nome – “encarnada” –, definindo outro modo de “viver a pulsão”. Mas, em casos de intensa vacilação dos referenciais simbólicos, tal como encontramos, por exemplo, nas periferias das grandes cidades, a nomeação de um gozo sintomático sustentado por uma fantasia pode ser apresentada por um analista e, nesse viés, temos o exemplo extraído por Elisa Alvarenga do que Ana Lydia Santiago pôde designar a um jovem infrator: “assim, você se torna um cofre de ruindade” – ele escuta isso e decide tomar a via da palavra para enfrentar os embaraços identificatórios que o levaram ao crime. No contexto dessas diferentes formas de nomeação e dos diferentes usos que elas podem ter na experiência psicanalítica, já se pode localizar como o ato de nomear é uma ferramenta preciosa frente às “vacilações do simbólico” e às “instabilidades do imaginário”. Mas, resgatando a última expressão do ternário elaborado como título de nossa Jornada, parece-me ainda importante investigar se as “casualidades do real” não poderia se apresentar por ocasião das nomeações – sintomática ou sinthomáticas – com que um corpo vivo é tocado pela satisfação pulsional em jogo na materialidade que o significante tem para os seres tomados pela palavra, ou seja, para os “falasseres”. Sérgio Laia – Coordenador da XVI Jornada da EBP-MG ******* AVISO 1: Se o seu trabalho para XVI Jornada da EBP-MG ainda não pode ser concluído e como hoje já é o dia 20 deste mês, favor indicar isso para Lúcia Grossi: . 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