A CONTA NÃO EXISTE
●ECO DE BRIVE por Michèle AstierCom a presença de Laure Adler, animadora calorosa e organizadora de uma formidável Nuit Duras na exposição do livro de Brive, Jacques-Alain Miller interveio para acrescentar sua voz a outras que tornaram Marguerite tão presente, em companhia de Gilles Philippe, responsável pela publicação das obras completas e Jean Valier, autor de uma biografia de Marguerite Duras. A voz registrada de Marguerite Duras alternava com a dos atores que emprestaram a sua para restituir a música de sua escritura.Marguerite Duras, Jacques-Alain Miller a encontrou a 16 anos na ocasião do lançamento nos cinemas de Hiroshima mon amour, como encontrou Sartre. Como muitos, eu a ignorei, e com toda razão: Marguerite havia se oposto no último minuto à publicação da entrevista. O encontro teve lugar em um pequeno bistrô da Rua Saint-Benôt. A contribuição desse encontro é essencial para compreender a abordagem do escritor e dá a sua obra a atualidade de ainda estar enroscada no corpo, como se fizeram escutar nos extratos escolhidos pela leitura.
“Há uma lenda nascente” dizia ela em 1960 sobre o horror ainda presente em todos os espíritos do que foi Hiroshima. Ela o tratou como um caso individual e carnal querendo que isso tivesse um caráter impessoal. Assim se anunciava o que tinha se tornado sua marca de escritura: a união entre o carnal e o impessoal. Essa união do mais íntimo e do “não importa o que” é tal que cada um experimenta o eco disso em si mesmo. Não se tem a representação dos personagens, nem de seu caráter. Eles não se sustentam pelo imaginário, mas por um fio de voz singular que mantém a narrativa. O déficit do imaginário coloca em primeiro plano a matéria verbal. Nessa conversa, ela utiliza uma expressão surpreendente: ela qualifica suas heroínas de Hiroshima e de Moderato cantábile de “putas delas mesmas”. Fórmula enigmática em que se ouve, diz Jacques-Alain Miller, uma divisão dela mesma, ao serviço de seu próprio gozo como se ela fosse uma outra. Jacques Lacan encontrou Marguerite Duras alguns anos mais tarde, graças a uma amiga. Disso resulta o texto dos Outros escritos, “Homenagem a Marguerite Duras pelo arrebatamento de Lol V. Stein”, mas uma frase de Lacan sempre a irritou: “ela sabe, sem mim, o que ensino”. Ela não percebeu uma nota de misoginia nesse “saber sem saber que se sabe” por onde Lacan define o gênio – saber sem a lucidez do saber? A referência ao Arrebatamento foi a oportunidade de uma breve lição clínica, muito concisa e perfeitamente clara, sobre “o ser a três” que apresenta a história de Lol. Tal foi a homenagem prestada por Jacques-Alain Miller a Marguerite Duras. Ela foi escutada com atenção por Gilles Philippe e Jean Valier, como pelas 500 pessoas presentes que longamente aplaudiram. O público foi tocado pelo estilo vivo e pleno de humor que tornava este encontro tão atual, estilo que reencontramos no dia seguinte de manhã para a Vida de Lacan com mais de 300 pessoas. Numerosos foram os que descobriram Jacques-Alain Miller, e este foi para todos um grande momento de transmissão com esta enunciação que restabelece seu nome em seu justo lugar.
NOVIDADES LITERÁRIAS
Miller & Sollers, 6 de setembro último, em Montparnasse,foram convidados pela Escola da Causa freudiana, para responder às questões de Martin Quenehen, para lançar Rentrée Lanienne.Vocês lembram-se? Vocês fracassaram? (Re)descobrir Jacques-Alain Miller & Philippe lendo: SOIREE LACAN, a 3ª Carta à Opinião esclarecida, em Navarin, após a Vida de Lacan (1) e Roudinesco, Plagiaire de soi-même (2).Lançamento nas livrarias 17 de novembro. Disponível desde agora em: ECF- bazar http://www.ecf-echoppe.com/index.php/soiree-lacan.htmlAqueles que estiveram lá, que ouviram tudo, (re)encontrarão também, entre os anexos, uma carta de JAM de 7 de abril de 2005: “Por que eu deveria receber de você, querida Elisabeth, eu lhe pergunto, aulas obrigatórias ornadas da injunção de ter que me calar?” (1) Vida de Lacan, Jacques-Alain Miller, Navarin, setembro 2011 (2) Roudinesco, Plagiaire de soi-même, seguido de Lacan, Maurras et les Juifs, Nathalie Jaudel, Navarin, outubro 2011 (3) Carta de Jacques-Alain Miller, Journal des Journées, 7 avril 2005, Soirée Lacan, Navarin, novembre 2011) Miller & Sollers SOIREE LACAN Eles evocam Lacan, morto há trinta anos. Mas nada de crepuscular nessa missa de lembranças: era sua juventude. Lacan fisga Philippe, com 27 anos; ele acredita ter a ver com um doutorando; depois ele se apercebe que suas experiências de escritura conduziram o rapaz na vizinhança do que ele mesmo tenta no meio da palavra. Aluno de Althusser, Barthes, Derrida, Jacques-Alain Miller, normalista de 20 anos, leu o “Discurso de Roma”, como fulminado; ele encontra Laca, que dialoga sem modelo com Platão e Descartes. Alguns anos mais tarde. Expulso da rua de Ulm. Lacan se insurge; Ele encontra em sollers seu paladin, tanto quanto Miller, tendo virado Mao, milita para “a causa do povo”. Hoje: o escritor e o psicanalista se felicitam estar sempre aí, manobrando junto, na 6ª região administrativa, contra os “falsários” dos quais falava Lacan, “sempre de serviço sob a bandeira do Espírito”.!!
JUST ONE MINUTE
Jornada de estudo à iniciativa da associação paraADOxos e do Laboratório “Es-cala” do Cien “Usos do tempo da infância à adolescência.” Sábado 10 de dezembro, rua Dieu nº 17, 75010. Clique aqui para consultar o anúncio desse encontro.
Jornada dos Laboratórios do Cien em Bordeaux “A educação freudiana face às desordens agressividade”. Sábado, 19 de novembro das 09:00h as 17h30. Campus Solidaire Terres Neuves- Bât. 25 Bélgica.Informações e inscrições: CIEN-Bordeaux – Tel: 0556912385.Encontre o cartaz & o programa clicando aqui.
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