Quarta feira, 23 de novembro de 2O11 23h00 [GMT+ 1] NÚMERO 97 Eu não teria faltado a um Seminário por nada no mundo— PHILIPPE SOLLERS Nós ganharemos porque não temos outra escolha — AGNÈS AFLALO
www.lacanquotidien.fr
▪ Sumário ▪A Crônica de Clotilde por C. LeguilO psicanalista hoje, do invisível ao visível ▪ Da Espanha ▪ 22 de novembro de 2011 CARTA ABERTA E ALEGRE A RAFAH NACHED ▪INVENÇÕES+INSTITUIÇÕES ▪Uma iniciativa como nenhuma outra: O “Institut Hospitalier Soins Etudesd’Aubervilliers” (I.H.S.E.A)(Yves-Claude Stavy)▪ PETITE GIRAFE ▪Lançado o n°3, de novembro, as NEWS do “Institut de l’enfant”Editorial, por Judith Miller________________________________________________
A Crônica de Clotilde, por C. Leguil
O psicanalista de hoje, do invisível ao visível
O último número dos Inrockuptibles (16-22 de novembro 2011) recoloca na ordem do dia a palavra de ordem do engajamento dos intelectuais. O lançamento do livro de Bernard-Henri Levy, « La guerre sans la aimer”, no qual o autor conta de seu engajamento a favor da intervenção francesa na Líbia contra o regime ditatorial e bárbaro do coronel Kadhafi, vem despertar, com efeito, essa tradição francesa do engajamento dos intelectuais na vida da cidade, nos tormentos da civilização, nos avanços e impasses da história. Desde o caso Dreyfus e o « J’accuse » de Emile Zola em 1898 no L’Aurore tomando, em seu próprio nome de escritor e intelectual, a defesa do capitão Dreyfus contra a decisão do próprio tribunal de justiça, a figura de intelectual engajado vem significar, não apenas a possibilidade de tomar a palavra publicamente em nome de uma ética, mas também a necessidade de não crer que devamos sempre nos submeter à ordem do mundo.
Por mais que diga Descartes, às vezes é preciso saber não trocar seus desejos e servir-se deles para mudar a ordem do mundo. A posição estóica de amor ao destino é também aquela que pode conduzir a renunciar à toda crença em seu próprio pensamento e em sua própria palavra, para sempre apoiar o discurso corrente em nome da necessidade pragmática.
Phillippe Sollers, nesse mesmo número dos Inrocks, retoma, por sua vez, a concepção sartreana de engajamento, opondo-a ao caráter medroso e pusilânime dos intelectuais e universitários que preferem se isolar das contingências do mundo, para ficar entre eles em sua torre de marfim. Mas, diz ele, « à força de não querer ter as mãos sujas, eles terminam por não ter mão nenhuma ». Parece-me que essa necessidade de engajamento do intelectual tomou um novo aspecto no começo do século XXI, que é também aquele da necessidade de engajamento dos psicanalistas. É, talvez também, uma das razões pelas quais a vida intelectual encontra no mundo psicanalítico um novo sopro, que ela parece às vezes ter perdido no mundo universitário. Em um momento da civilização que lhe é profundamente hostil, o das neurociências e do comportamentalismo, mundo onde se pensa o comportamento humano em termos de herança genética ou aprendizagem, mundo onde se tenta sempre apagar o traço do desejo e do engajamento subjetivo nas condutas humanas para substituí-los por estudos estatísticos que comparam os fenômenos humanos com os comportamentos animais, nesse mundo, o psicanalista não pode mais considerar que seu campo de ação não concerne senão à vida íntima, e que o resto não é de sua conta. O psicanalista é chamado a se exprimir publicamente em sua solidão e sem que ninguém o tenha comandado para isso.
Quando apareceram na França os Escritos de Lacan, Sartre, em 1966, deu três conferências no Japão, reunidas sob o título “Defesa para os intelectuais ». Ele lembrava em que sentido o intelectual é, por definição, « alguém que se mete nisso que não é de sua conta » e, por consequência, tem o direito de se exprimir na ausência de toda competência especializada, porém, simplesmente, em nome de uma certa ideia de civilização e do humano. Não entrarei aqui no debate dos erros de Sartre em seus engajamentos políticos, mas quero simplesmente reter alguma coisa como uma posição face à civilização que nos concerne de perto hoje no campo psi. Sartre tinha, de fato, percebido que os progressos da ciência iriam ter como efeito substituir os pensadores pelos experts e ele tinha, como consequência, antecipado o desaparecimento de todo pensamento possível dos próprios cidadãos. Cerca de cinquenta anos mais tarde, esse diagnóstico toma toda sua amplitude, pois os próprios políticos de preferência se remetem aos experts que só respondem em termos de avaliação quantitativa, para saber o que é necessário fazer em matéria de educação, de saúde mental e de política em geral. É por isso que a ação de BHL junto ao governo de Nicolas Sarkozy faz, de repente, ressoar um engajamento que indica toda uma outra ideia, ao mesmo tempo do pensamento e da política. É porque existe uma ação que significa também a possibilidade de não renunciar à palavra singular, quando a própria ordem do mundo gostaria de nos fazer crer que hoje só os estudos estatísticos podem fazer avançar a civilização.
Na sua última carta do dia 18 de novembro de 2011 aos membros da Escola da Causa e aos das ACF, Jacques-Alain Miller reaviva, a partir da ação de BHL na Líbia, essa figura do intelectual engajado a partir de seu « desejo de Um–absolutamente–só, desprovido de todo mandato representativo », podendo mudar alguma coisa na ordem do mundo. O Fórum das Mulheres para a libertação de Rafah Nached por ocasião das últimas jornadas da Escola, pertence também a esse movimento que faz com que a psicanálise viva deva se engajar, a sua maneira, nos assuntos políticos. Se o psicanalista do século XX pode ser um psicanalista invisível, olhar observador do mundo para não se tornar presente senão no universo da confidência e do segredo, o psicanalista do século XXI torna-se visível e percebe que, se ele pode ver o mundo, é também como tal que ele é, ele mesmo, um ser visível por outros, Um-absolutamente-só que pode, a partir de seu desejo e do que o trabalho do inconsciente modificou nele, se engajar na civilização para se opor ao contágio da ideologia tecno-científica do para-todos e do sem ninguém. O psicanalista torna-se, então, um intelectual engajado que considera que o que não é de sua conta lhe diz respeito doravante, que seu discurso pode também de maneira imprevisível mudar de maneira discreta, mas real, a inércia da ordem do mundo.
_________________________________________________________
▪Da Espanha ▪
22 de novembro de 2011
CARTA ABERTA E ALEGRE A RAFAH NACHEDComitê de Apoio a Rafah Nached da ELP
Zaragoza, 18 de Novembro, foi o lugar de encontro dos Psicanalistas da Espanha para celebrar as X Jornadas da Escuela Lacaniana de Psicoanalisis: « Corpos escritos, corpos falados ». Às 19:30, nos reunimos nas escadarias do Paraninfo da Universidade para celebrar um ato em honra de nossa colega e amiga Rafah Nached que havia sido liberada depois de 2 meses e uma semana de encarceramento injusto em Damasco. Carmen Cuñat, Presidente da ELP, acompanhou nosso amigo e colega Jesús Ambel, que leu um texto que intitulou: « Carta aberta e alegre a Rafah Nached », que escutamos com grande emoção e alegria, texto que em seguida reproduzimos.
CARTA ABERTA E ALEGRE A RAFAH NACHED
Querida colega: Vídeo do Ato
Escrevemos a ti de Zaragoza, uma cidade espanhola que ainda guarda as pegadas que os povos árabes deixaram nesta terra, uma terra sulcada por um rio, um rio que leva uma água sobre a qual nos destes, em seu tempo, lições de como fazê-la circular para produzir vida.
Escrevemos quando acabamos de saber que já estás em casa com os seus, depois de haver passado uma temporada encarcerada por haver trabalhado e exercido o direito à palavra. Escrevemos a ti agora que estamos alegres, alegres de que não seja certo que vais permanecer em silêncio.
Queremos que saibas, querida, que nós tampouco nos sentimos livres durante estes meses. Queremos que saibas que estivemos pendentes de ti e de teus concidadãos. Pendentes das notícias do povo com o qual trabalhas e que vemos a cada dia pelos bairros de tua cidade, como recém saido de um naufrágio de sangue.
Queremos que saibas que pressionamos, na medida de nossas forcas, para que amaine o furacão de negras pombas que chapinham nas águas podres do regime que ainda resiste, obscuro e feroz, a que seus cidadãos façam parte das nações livres.
Alegramo-nos, pois, de que estejas em casa, porém queremos dizer-te que vamos nos alegrar mais quando possas caminhar pelas grandes avenidas da liberdade, que é a liberdade dos corpos falantes, e quando os atuais nardos de angústia desenhada se troquem pelo ramo de oliveira que uma pomba mensageira possa nos trazer sob a forma de boa notícia da sua reincorporarão ao trabalho de psicanalista cidadã, que é também o nosso.
E, então, os amores voltarão a serem desfolhados, os jogos voltarão a ter arte e os suores, fruto.
Saudamos-te com alegria, amor e respeito.
Recebe o abraço de teus colegas espanhóis.
És, querida, nossa aurora em Damasco.
Jesús Ambel
__________________________________________________________
▪ INVENÇÕES+INSTITUIÇÕES ▪
No quadro de sua rubrica Invenções+Instituições, Lacan Cotidiano terá o prazer de, no curso de semanas, fazer seus leitores descobrirem as iniciativas de um serviço, e as pequenas bricolagens do cotidiano encontradas pelos profissionais dessas instituições orientadas pela psicanálise na França e no mundo, que têm a coragem de sustentar uma clínica sem igual e orientada pelo real encontrado pelos sujeitos que acolhem, a fim de que um saber fazer com o gozo, o desejo, o saber (…), possam emergir, que uma nova modalidade de ser possa advir ao mundo ou que um apaziguamento tenha lugar… E, para abrir esse dossier, o Dr. Yves-Claude Stavy, chefe de serviço na EPS de Ville-Evrard, nos servirá de guia, através de dois primeiros artigos que aqui estão :
– I –
Uma iniciativa
como nenhuma outra: o Instituto Hospitalar Cuidados Estudos de Aubervilliers (I.H.S.E.A.)
(Yves-Claude Stavy)
O I.H.S.E.A abriu suas portas em setembro de 2009 e acolhe alunos do Liceu, da Segunda série à Final. Ainda que o conjunto dos cursos sejam dispensados pelos professores da Educação Nacional, esse Instituto faz parte integrante de nosso serviço (1). Tendo recebido o aval dos dois Ministérios envolvidos (o da Saúde e o da Educação Nacional), a iniciativa efetivamente se origina dos impasses encontrados em nossas próprias práticas cotidianas com certos adolescentes em grande sofrimento, que têm um grande investimento em seus estudos e que não poderiam continuar a frequentar os cursos no seio dos liceus da atualidade. Ponto de promoção “para todos” nos estudos, de nossa parte tratava-se, antes de tudo, de não impedir tal adolescente – e não outro – tendo encontrado nos estudos uma maneira semelhante a nenhuma outra de circular no mundo, de prosseguir… no interior de sua própria escolha sintomática. Uma aposta bem pouco considerada, infelizmente, nos liceus submetidos a diretivas rígidas, apresentando o “para todo x” como uma esperança… o que é o cúmulo do cúmulo quando um adolescente se revela como não podendo vestir-se de nenhuma “esperança” estabelecida! Os jovens a quem dissemos sim, não são necessariamente alunos brilhantes, longe disto, mas os professores da Educação Nacional que se ofereceram para se engajar na Iniciativa testemunham, desde já, sua surpresa em encontrar entre seus alunos, vários estilos de relações sérias com os estudos, ao mesmo tempo autênticos e distintos uns dos outros, num lugar de ensino, no entanto, tão improvável. No IHSEA há momentos dos cursos nos quais nós não intervimos. E há encontros com alunos pelos atores do serviço: cada um destes escolheu se orientar com Freud e Lacan na sua prática cotidiana. Os alunos são acolhidos por um período de ao menos um ano escolar (dois , às vezes, três, se necessário). É, então, uma aposta na duração. Nós estamos preparados para promover tal admissão, mas não nos abstemos de fazer um “aperfeiçoamento” pontual. Ao fim do ano, o aluno passa a uma classe superior ou repete; são os professores que decidem. O acolhimento encontra seu termo ao fim de um ano escolar ou pode requerer um segundo ano, talvez um terceiro: são os cuidadores que escolhem. Certas estruturas Tratamentos e Estudos escolhem antigos psicólogos para ocupar a função de professores. Nós não queríamos isso sob nenhum pretexto: nada de psicoeducadores, mas professores da Educação Nacional voluntários, continuando, aliás, a exercer meio período no seu liceu de origem, o liceu Le Corbusier d’Aubervilliers, situado a algumas centenas de metros do IHSA, com o qual fizemos intercâmbio. Certos cursos necessitam de uma logística de que não dispomos (laboratório de química, em particular). Esses ensinamentos são dispensados no liceu Le Corbusier. Então: nada de “professores-terapeutas”. A exigência é crucial… para os cuidadores do serviço também: tentarem se fazer parceiros do sintoma singular de um adolescente, é – para cada enfermeiro, psicólogo ou psiquiatra envolvidos – ir ao contrário das práticas prêt-à-porter, hoje cada vez mais impostas sem cessar, em todos os campos da sociedade… com a cumplicidade de seus próprios atores.
(1)– Polo de psiquiatria da criança e do adolescente e EPS de Ville-Evrard – 15, rue du Clos Bénard, 93300 Aubervilliers (metro linha 7 :‘Aubervilliers-Quatre Chemins’). Tel 01 41 61 22 70
-II-‘Uma admissão extrema’(Yves-Claude Stavy)
Lise foi acolhida em setembro de 2009, no segundo ano do Instituto Hospitalar Cuidados Estudos de Aubervilliers. Considerando bem, tratava-se de uma admissão extrema. Mas, para quem se orienta em sua prática cotidiana com Freud e Lacan, não existe aí uma aposta de que se deve receber qualquer extremo diferente de qualquer outro, ao mesmo tempo íntimo e fora do próprio sujeito?
Prosseguir os estudos marca, para Lise, uma posição ética, incluindo pequenas invenções fora do comum que, até agora, a têm sustentado viva. Não se trata de que os estudos fossem para ela coisa fácil: Lise, com efeito, nunca compreendeu muito bem os sentidos que as palavras produzem entre elas. O senso comum, o “bom senso” – aquele pelo qual, segundo Lacan, “a política atinge seu cume de futilidade” (1)- esse bom senso, repetido pelos outros, Lise não tem dele o uso. O mal entendido do sentido lhe é desconhecido. Lise não se queixa disso. Isso marca para ela, um “sem esperança” distinto de toda desesperança… e com o qual Lise se vira: especialmente na escola, muito investida por ela desde o maternal. É que a mãe de Lise interrompeu sua própria escolaridade ao fim do seu terceiro ano, para se ocupar de uma irmã mais velha, esquizofrênica. Esta mulher quis nos informar do que a tomou, grávida de Lise, quando se “encontrou” em uma ecografia, com o anúncio de que se tratava de uma menina, vindo a congelar, instantaneamente, a imagem de seu futuro bebê, com o temor de que sua filha fosse também uma esquizofrênica.
Lise, com a escola, inventa o novo. Desde pequena, apesar de grandes dificuldades de orientação espacial, ela chegava sozinha ao estabelecimento escolar, memorizando a forma do número do imóvel, o grafo de um letreiro: da mesma forma que “os pequenos posters perso” (como ela os chama) lhes indicavam a direção. Seu pai, chofer de taxi, sempre soube em seu coração que tinha uma menina que sabia se virar. Os mapas de vias singulares que Lise visualiza de cor lhe permitiam circular nos estudos. Ao menos até a terceira série: não tendo inquietado ninguém durante esse anos – nem na escola nem entre os seus – a jovem com notas suficientemente boas torna-se, de um dia para o outro, uma persona non grata de um liceu cioso do perfil gabaritado dos alunos, como deve ser uma empresa comercial desse início de século. Isto quase custou a Lise sua vida (como nós mostraremos).
Dizer “sim” à sua admissão no Instituto Cuidados Estudos, foi marcado para nós por uma urgência. Não para cuidar do “sem esperança” ao qual Lise era sensível desde a sua mais tenra infância, mas a fim de dar uma chance ao prolongamento inédito do que ela havia sabido produzir até então, no caminho da escola, para se fazer uma conduta.
Lise foi acolhida no Instituto na qualidade de interna. Após 17 horas, ela se apresenta sozinha à unidade noturna do serviço. Era uma boa aluna de matemática. Desvendar os autores franceses do século XVII era como um quebra-cabeças chinês: o professor de letras tão entusiasmado de contribuir com a experiência levada em Aubervilliers foi simplesmente catastrófico! Depois de muitas semanas de explicações pacientes de “As Eruditas”, ele deve, com escrúpulos interiores, dar um “1” ao trabalho da jovem… Coube a Lise, então, explicar – muito pacientemente – a seu professor, estupefato, que “1” não é zero, que ela saberia melhorar seus estudos e que se sucederiam outras notas. Mas não, não era Kant com Sade, era Lise com Cantor!
“Deves te preparar para um ciclo curto”, proferiu “doutamente”o professor chefe da classe do liceu, do qual Lisa foi excluída em 2009. Ela não experimentou nenhum rancor contra ele: o anúncio apenas o fez “bizarro”. Ao voltar para a casa da mãe, ela se corta gravemente no braço, “olhando correr o sangue sem fim”.
Durante o ano no Instituto Tratamento-Estudos, Lise, mais que tudo, refina sua maneira de circular… no seu próprio sintoma!
Ela encontra o caminho do secretariado; diante da tela de seu computador, Lise não tem igual para “cortar-copiar-colar” os arquivos mais pertinentes, dando vida, assim, aos dossiers mais ameaçadores. Suas performances muito apreciadas diversificaram seus laços sociais. Lise não achou “um lugar” no mundo suposto já estar aí , mas é o mundo que veio a nascer, secundário a seu sintoma!
A jovem deixou o Instituto em junho de 2010, depois de haver terminado sua Segunda série. Ela estagia atualmente numa biblioteca e continua a vir para as consultas.
______________________________________________________
▪ PETITE GIRAFE ▪
O n°3 de novembro das NEWS do Instituto da Criança foi lançado.
Editorial, por Judith Miller
Obrigada àqueles e aquelas que fazem existir esse belo projeto que é o Instituto da Criança, que Daniel Roy anima com seu Comitê de Iniciativa…
>Este terceiro número não deixa de demonstrar que arma possante pode ser esse Instituto e quanto nossa responsabilidade é grande com relação à psicanálise das crianças e dos jovens, e mesmo de cada um de nós.
>Cabe a nós, convencer disso de que estamos convencidos, verificá-lo, transmití-lo: uma criança não é um objeto, ela se educa a si mesma, e o enuncia, o exprime – no seu corpo, seus silêncios, suas recusas, seus consentimentos, suas alegrias, seus medos, suas iniciativas, contrariadas ou não.
> O papel do Instituto da Criança é aparentemente simples, leva em conta o saber de cada um. É suficiente oferecer a cada um a ocasião de dizer o que porta e comporta esse saber, e de escutá-lo sem que aí seja chapado qualquer Weltanschauung de alguma espécie. Esta que invade o mundo contemporâneo é anônima, sob o pretexto de eficácia e de objetividade. Os psicanalistas não são os únicos a limitá-la, pelo fato de abrir um espaço à enunciação e de aí contribuir, de maneira realista e determinada. Se formulam isso que eles apreendem, descompletam, então, um totalitarismo insinuante, cujas formas adocicadas não escondem nem a violência nem a crueldade, extremas em suas próprias ilusões. ▪
_________________________________________________________________________lacan cotidianopublicado por navarin editorINFORMA E REFLETE 7 DIAS EM 7 A OPINIÃO ESCLARECIDA▪ comitê de direçãopresidente eve miller-rose [email protected]difusão anne poumellec [email protected]conselheiro jacques-alain millerredação kristell jeannot [email protected]▪ equipe do lacan cotidianomembro da redação victor rodriguez @vrdriguez (sur Twitter)designers viktor&william francboizel [email protected]técnico mark francboizel & familylacan e livrarias catherine orsot-cochard [email protected]mediador patachón valdès [email protected]
Tradução: Angela Folly Negreiros
Revisão: Mª Cristina Maia Fernandes e Mª do Carmo Dias Batista