Corpos e discursos, título deste número da revista Correio, afinado com o tema do XXV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano “Os corpos aprisionados pelo discurso… e seus restos”, orienta e sustenta a aposta feita pela equipe da revista Correio de transmitir o vivo da experiência de Escola, dado que, sob a “pluma de cada um, pesca-se um divino detalhe, um ponto capturado que produz um dizer novo”[1].
Vocês poderão ler, na escrita de cada colega da EBP e de outras Escolas da AMP, as marcas deixadas pela “Grande Conversação da Escola Una” e pelo “XIV Congresso da AMP”.
A rubrica “Que venha o XXV Encontro da EBP” mostra, no texto de lançamento do Encontro e em suas duas preparatórias, a vivacidade e o entusiasmo do trabalho dos membros desta Escola.
Na rubrica “Instalação da Biblioteca Una”, os textos ressaltam “uma aposta ancorada na transferência de trabalho”[2], não sem contar com a ““infatigável causa encarnada” por Judith Miller quando apostou em uma “rede Una de bibliotecas do Campo Freudiano””.[3]
A formação também é assunto desta Correio e pode ser lida na rubrica “Acontecimentos: efeitos de formação”.
Na sequência, duas rubricas tratam da permutação: “Permutação do Conselho da EBP”, onde encontraremos os discursos de saída da Presidência do Conselho e o de posse do Presidente entrante, além de “Notícias da AMP” trazidas por Christiane Alberti. E “Permutação da Fapol” (Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacaniana), onde destaco as palavras de Fernanda Otoni, Presidente entrante: “em uma permutação do campo freudiano, conjuga-se com estilo próprio os verbos encerrar e começar”.
A última rubrica desta Correio, “Contemporâneas”, traz um texto sobre “Psicanálise e segregação”, questão candente de nossa época!
Nos tempos que correm é preciso encontrar maneiras de ler os sujeitos que nos chegam aos consultórios, falando pouco, fazendo sintoma no corpo e sem nenhuma aposta no inconsciente. Nesta Correio, podemos encontrar pistas para ler o falasser. Nas páginas dedicadas ao lançamento do XXV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano há um paragrafo, no argumento, que tomo como bússola para a clínica: “O desafio da análise na atualidade reside, justamente, em dirigir o tratamento, no sentido de possibilitar que o falasser passe a acreditar no seu inconsciente e, assim, localizar os significantes que o habitam e o aprisionam, como também o constituem.”[4]
Seguindo na trilha de Miller: “a fala passa pelo corpo e, em retorno, afeta o corpo que é seu emissor”[5], sigamos apostando no discurso analítico e escutando como cada sujeito goza com seu corpo.
Milena Vicari Crastelo
[1] Monteiro, Cleide. Editorial. In: Correio 93, São Paulo: Escola Brasileira de Psicanálise, outubro de 2024, p 3.
[2] Idem, p 6.
[3] Idem, p 6.
[4] Da Cunha, Luiz Fernando Carrijo (relator). Argumento do XXV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano. In: Correio 93, São Paulo: Escola Brasileira de Psicanálise, outubro de 2024, p. 97.
[5] Idem, p. 96.